Postado por Max Fisher em 29 de abril de 2013 às 03:37 - The Washington Post
Um novo estudo publicado na American Sociological Review,
por Rachael S. Pierotti, da Universidade de Michigan, olha para as atitudes das
mulheres em 26 países diferentes em relação à violência entre parceiros
íntimos. Os resultados, que poderiam ser potencialmente importantes para coibir
a violência doméstica, sugerem que as atitudes da cultura global cada vez mais rejeitam
a violência, e que as mulheres que estão expostas a essas idéias são mais
propensas a adotá-las.
As pesquisas, realizadas ao longo de vários anos, perguntaram
às mulheres: "Às vezes o marido está irritado ou furioso com coisas que
sua esposa faz. Na sua opinião, é justificado que um marido bata ou golpeie sua
mulher, nas seguintes situações?"
Eu mapeei os resultados acima. Nos países azuis, a maioria
das mulheres respondeu "não", e nos países em vermelho, a maioria respondeu
"sim". A maior proporção que disse que rejeitaria a violência
doméstica foi na República Dominicana, onde 95,54 por cento das mulheres
disseram não à pergunta da pesquisa. Na Etiópia, que apresentou o menor número,
apenas 17,84 por cento das mulheres responderam que não.
A pesquisa também apresentou às mulheres cinco cenários
diferentes pelos quais um marido poderia bater em sua esposa "(1) se ela
sai sem lhe avisar, (2) se ela negligencia os filhos, (3) se ela discute com
ele, (4 ) se ela se recusar a fazer sexo com ele, e (5) se ela deixa a comida
queimar."
As pesquisas detectaram a crescente rejeição da violência
doméstica feminina em 23 dos 26 países, o que sugere uma tendência global. Ela
concluiu que "as mulheres com maior acesso a scripts culturais globais por
meio da vida urbana, da educação ou do acesso a meios de comunicação foram mais
propensas a rejeitar a violência cometida por um parceiro íntimo." A frase
"os scripts culturais" é um jargão acadêmico para atitudes globais,
neste caso, o idéia de que a violência doméstica é inaceitável.
Aqui está um recorte do artigo:
Em 22 países, as mulheres que viviam em áreas urbanas tinham
maiores probabilidades de rejeitar a violência por parceiro íntimo, controlando
por todos os outros fatores... Mulheres que frequentaram pelo menos a escola
secundária tinham bem maiores probabilidades de rejeitar a violência doméstica
em todos menos quatro países. O efeito do ensino superior é ainda maior e é
significativo em cada um dos países. Mesmo controlando para a vida urbana e
educação, o acesso à mídia ainda está associado com maiores probabilidades de
rejeitar a violência por parceiro íntimo em 14 países. Em geral, cada um desses
mecanismos para a divulgação de normas globais tem um efeito substancial e
independente sobre as probabilidades de rejeitar a violência por parceiro
íntimo.
Pierotti argumenta que a rejeição da violência doméstica é
parte de uma mudança cultural, ao invés do resultado da urbanização e aumento
da renda por conta própria. "Os resultados são consistentes com a
influência da difusão cultural, não com as mudanças de estruturas socioeconômicas
ou demográficas", escreve ela.
Os dados também acabam com a percepção ocidental comum de
que as mulheres são tratadas piores do mundo muçulmano: basta ver as diferenças
nos resultados entre Jordânia, Turquia e Egito. Como já escrevi antes, as
métricas de igualdade de gênero e tratamento das mulheres muitas vezes sugerem
que as mulheres estão, em média, em pior situação no sul da Ásia e na África
Subsaariana do que no Oriente Médio, ao contrário das percepções populares do
Ocidente.
Ainda assim, é importante notar que Pierotti conclui que as
mulheres rejeitam cada vez mais a violência doméstica em todas as partes do
mundo, e particularmente em alguns dos países de menor pontuação, sugerindo que
a violência doméstica não pode ser atribuída simplesmente a fatores culturais,
seja religião ou geográfica localização.
Aqui
está um gráfico dos resultados da pesquisa. "Wave One" (Primeira
Onda) refere-se à primeira rodada de pesquisas no início e meados da década de 2000. A "Wave Two”
(Segunda Onda) de pesquisas foram todos conduzidos alguns anos mais tarde. Eu
adicionei cores ao gráfico para torná-lo um pouco mais fácil de ler: http://www.washingtonpost.com/blogs/worldviews/files/2013/04/dv-chart.jpg
Original em inglês: http://www.washingtonpost.com/blogs/worldviews/wp/2013/04/29/map-why-women-in-some-countries-still-say-domestic-violence-is-okay/?wpisrc=nl_cuzheads
Livre-tradução de Taluana Wenceslau
No comments:
Post a Comment