Tuesday, April 30, 2013

Mapa: Por que as mulheres em alguns países ainda dizem que a violência doméstica é correta?


Postado por Max Fisher em 29 de abril de 2013 às 03:37 - The Washington Post

Um novo estudo publicado na American Sociological Review, por Rachael S. Pierotti, da Universidade de Michigan, olha para as atitudes das mulheres em 26 países diferentes em relação à violência entre parceiros íntimos. Os resultados, que poderiam ser potencialmente importantes para coibir a violência doméstica, sugerem que as atitudes da cultura global cada vez mais rejeitam a violência, e que as mulheres que estão expostas a essas idéias são mais propensas a adotá-las.
As pesquisas, realizadas ao longo de vários anos, perguntaram às mulheres: "Às vezes o marido está irritado ou furioso com coisas que sua esposa faz. Na sua opinião, é justificado que um marido bata ou golpeie sua mulher, nas seguintes situações?"
Eu mapeei os resultados acima. Nos países azuis, a maioria das mulheres respondeu "não", e nos países em vermelho, a maioria respondeu "sim". A maior proporção que disse que rejeitaria a violência doméstica foi na República Dominicana, onde 95,54 por cento das mulheres disseram não à pergunta da pesquisa. Na Etiópia, que apresentou o menor número, apenas 17,84 por cento das mulheres responderam que não.
A pesquisa também apresentou às mulheres cinco cenários diferentes pelos quais um marido poderia bater em sua esposa "(1) se ela sai sem lhe avisar, (2) se ela negligencia os filhos, (3) se ela discute com ele, (4 ) se ela se recusar a fazer sexo com ele, e (5) se ela deixa a comida queimar."
As pesquisas detectaram a crescente rejeição da violência doméstica feminina em 23 dos 26 países, o que sugere uma tendência global. Ela concluiu que "as mulheres com maior acesso a scripts culturais globais por meio da vida urbana, da educação ou do acesso a meios de comunicação foram mais propensas a rejeitar a violência cometida por um parceiro íntimo." A frase "os scripts culturais" é um jargão acadêmico para atitudes globais, neste caso, o idéia de que a violência doméstica é inaceitável.
Aqui está um recorte do artigo:
Em 22 países, as mulheres que viviam em áreas urbanas tinham maiores probabilidades de rejeitar a violência por parceiro íntimo, controlando por todos os outros fatores... Mulheres que frequentaram pelo menos a escola secundária tinham bem maiores probabilidades de rejeitar a violência doméstica em todos menos quatro países. O efeito do ensino superior é ainda maior e é significativo em cada um dos países. Mesmo controlando para a vida urbana e educação, o acesso à mídia ainda está associado com maiores probabilidades de rejeitar a violência por parceiro íntimo em 14 países. Em geral, cada um desses mecanismos para a divulgação de normas globais tem um efeito substancial e independente sobre as probabilidades de rejeitar a violência por parceiro íntimo.
Pierotti argumenta que a rejeição da violência doméstica é parte de uma mudança cultural, ao invés do resultado da urbanização e aumento da renda por conta própria. "Os resultados são consistentes com a influência da difusão cultural, não com as mudanças de estruturas socioeconômicas ou demográficas", escreve ela.
Os dados também acabam com a percepção ocidental comum de que as mulheres são tratadas piores do mundo muçulmano: basta ver as diferenças nos resultados entre Jordânia, Turquia e Egito. Como já escrevi antes, as métricas de igualdade de gênero e tratamento das mulheres muitas vezes sugerem que as mulheres estão, em média, em pior situação no sul da Ásia e na África Subsaariana do que no Oriente Médio, ao contrário das percepções populares do Ocidente.
Ainda assim, é importante notar que Pierotti conclui que as mulheres rejeitam cada vez mais a violência doméstica em todas as partes do mundo, e particularmente em alguns dos países de menor pontuação, sugerindo que a violência doméstica não pode ser atribuída simplesmente a fatores culturais, seja religião ou geográfica localização.
Aqui está um gráfico dos resultados da pesquisa. "Wave One" (Primeira Onda) refere-se à primeira rodada de pesquisas no início e meados da década de 2000. A "Wave Two” (Segunda Onda) de pesquisas foram todos conduzidos alguns anos mais tarde. Eu adicionei cores ao gráfico para torná-lo um pouco mais fácil de ler: http://www.washingtonpost.com/blogs/worldviews/files/2013/04/dv-chart.jpg



Livre-tradução de Taluana Wenceslau

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