Thursday, May 3, 2012

TECNOLOGIA E ATIVISMO FEMINISTA: UMA REFLEXÃO SOBRE SEUS BENEFÍCIOS E DEFICIÊNCIAS - PARTE 2 DE 3


Não há dúvida de que as tecnologias da informação e comunicação (TICs) estão mudando a maneira como realizamos nosso ativismo – em nossa vizinhança e globalmente – e as/os ativistas dos direitos das mulheres estão fazendo parte disso”. AWID entrevistou Erika Smith da Associação para o Progresso das Comunicações no Programa de Apoio às Redes de Mulheres (APC WNSP) sobre o uso das TICs pelas mulheres para mobilizar.

Por Gabriela De Cicco - Fonte: AWID

AWID: Há desafios ou deficiências em usar TICs para a mobilização?

ES: Sim, há riscos. Todos blogueiros já receberam comentários maldosos/agressivos. Por exemplo, as mulheres blogueiras - e especialmente as feministas, enfrentam não apenas críticas sobre os conteúdos postados, mas também ameaças violentas de teor sexual. Dadas as informações que nós inadvertidamente revelamos sobre nós mesmos online (especialmente sobre o que fazemos nas horas livres), os ataques se tornam personalizados e podem ser bem intimidantes. Chantagens contra feministas online é uma ocorrência intensa e uma tentativa de silêncio e censura.
        Durante a campanha 'Take Back the Tech' nós sofremos todo tipo de assédio - fotos de mulheres participantes montadas em imagens nuas foram circuladas na Internet para desacreditá-las, mulheres sendo chantageadas por fotos ou videos delas em situações íntimas, computadores e contas sendo hackeadas ou roubadas, bem como celulares. Como militantes nós temos que pensar não somente em nossos próprios dados, mas também nos dados que temos das pessoas pelas quais lutamos. APC WNSP criou um documento com dicas para ajudar as mulheres a se prevenirem de ser alvos de intimidação cibernética, bem como conselhos para estarem seguras online.
        Defensoras/es dos direitos humanos das mulheres (DDHM) precisam prestar atenção especial à segurança das comunicações online e se manter seguras virtualmente. Aprender como a internet funciona e onde estão os pontos vulneráveis por causa do hardware e também como usar os dados armazenados é crucial.
        Além disso, outro risco para o ativismo das mulheres é a censura e/ou a filtragem. A Pesquisa Exploratória em Sexualidades e TIC (EROTICS) da APC WNSP revelou como trabalhadoras do sexo, defensoras/es da saúde reprodutiva e dos direitos sexuais, e comunidades LGBT dependem da Internet, e em muitos casos é seu único instrumento e fonte de informações. A pesquisa EROTICS revelou o papel vital que a Internet desempenha para as comunidades marginalizadas na luta contra a filtragem. O ativismo feminista deve defender nossos direitos na Internet como comunicadores e a Internet como um bem público.

AWID: Existem mecanismos para proteger as/os usuárias/os de TIC da violência e do assédio?

ES: Recursos contra a violência e o assédio (intimidação) via Internet dependem do país em que você está. Legislações sobre assédio cibernético estão sendo adotadas em vários países ao redor do mundo. Mas na ausência dessas leis, é importante registrar cada assédio, e alertar amigos e a polícia do que está acontecendo. Também poderiam haver unidades especiais para crimes cibernéticos, mas a legislação nesta área é difícil. Frequentemente a resposta para esse tipo de problema é legislar a Internet - direcionando para a censura - mais do que lidando com a violência do crime.


Livre tradução.
      

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